Por Adlane Fellah, Analista Sênior & Fundador na Maravedis Wireless Research

Na preparação para o Wi-Fi World Congress Americas no Rio de Janeiro, de 27 a 29 de março, estamos ampliando o mercado brasileiro de Wi-Fi, incluindo oportunidades e desafios de mercado para os milhares de ISPs brasileiros. Um dos valiosos parceiros para a ocasião é a Abrint, principal associação comercial de provedores de internet (ISPs) do Brasil. Aqui está nossa entrevista com Sidnei Batistella, VP da Abrint. Sidnei estará palestrando no WWC Rio.
Você poderia nos contar brevemente sobre a Abrint?
A Abrint é a principal associação comercial de provedores de internet do Brasil. Formada em 2008 como uma associação voluntária, a Abrint é a vanguarda dos esforços da indústria para moldar a política de telecomunicações, promover a concorrência e o desenvolvimento positivo da indústria da Internet no Brasil.
Como órgão representativo da indústria da Internet reconhecido nacionalmente, a Abrint serve ativamente para facilitar o intercâmbio entre ISPs, órgãos governamentais, operadoras e outras partes interessadas. Atualmente, representamos mais de 1400 empresas associadas que desempenham um papel essencial na promoção significativa de conectividade em todos os 27 estados brasileiros.
Quais são as prioridades dos seus associados em 2023?
“O setor de acesso à Internet no Brasil é bastante peculiar: o Brasil tem mais de 20.000 provedores de internet, mas apenas 3 têm cobertura nacional e 40% das empresas têm até 5 mil clientes. É um mercado altamente competitivo e heterogêneo, impulsionado por pequenas e médias empresas regionais. Em dezembro de 2022, os provedores regionais representavam mais de 50% do mercado no Brasil.” – Abrint.
A maioria dos nossos membros são pequenas ou médias empresas. A maior parte de suas prioridades para 2023 gira em torno de melhorar a gestão. Eles buscam profissionalizar sua gestão financeira e tributária, além de implementar os processos internos adequados para que suas empresas possam continuar crescendo. Os ISPs brasileiros também se preocupam muito com a fidelização de clientes e com a inclusão de novos produtos em seus pacotes de serviços.
Qual a importância do Wi-Fi para seus membros e/ou para o Brasil em geral? Quais são os principais desafios/oportunidades do Wi-Fi no Brasil na sua opinião?
“Para o mercado residencial, acredito que isso significa que o maior desafio dos ISPs brasileiros no momento é entregar Wi-Fi de alta qualidade em todos os cômodos de uma casa.” – Abrint.
O Wi-Fi é muito importante para os brasileiros. Pesquisas oficiais mostram que os dispositivos móveis são (de longe) a opção preferida para acessar a Internet no Brasil. Ainda recentemente, o FTTH era a maior vantagem competitiva que um ISP poderia ter. Os ISPs forneceriam um acesso de fibra fixa na sala de estar e o cliente estaria feliz. O grande desafio agora é pensar na sua experiência móvel: se o sinal Wi-Fi não estiver bom o suficiente pela casa, o cliente vai procurar um novo ISP. Assim, os ISPs agora precisam se organizar para fornecer help desks Wi-Fi e desenvolver novos produtos ou recursos para adicionar aos seus pacotes de serviços.
Qual é a estratégia dos provedores membros da associação em relação ao Wi-Fi 6 e 6E? Qual é a aderência atual do Wi-Fi 6 entre os provedores da associação?
Acredito que o Wi-Fi 6 e especialmente o 6E serão parte da melhoria pela conectividade dentro de casa. Há muito burburinho em torno do 5G no Brasil ainda. Com o Wi-Fi 6, os ISPs poderão oferecer velocidade e latência semelhantes ao cliente, mas com uma taxa de implementação muito mais rápida, pois levará anos para que as redes móveis 5G cheguem às cidades menores.
No entanto, a adoção é atualmente muito baixa. Isso ocorre porque a acessibilidade é um problema muito grande. Os preços de hardware ainda estão muito altos – estive recentemente em um grande evento de tecnologia nos Estados Unidos e os equipamentos estavam sendo vendidos por cerca de US$ 300. Isso é muito caro para os ISPs brasileiros, mesmo sem adicionar os custos de câmbio e importação!
Neste momento, nossa principal estratégia é reunir o maior número de empresas possível e mostrar que há uma demanda sólida por Wi-Fi 6 para que os fabricantes possam entregar custos melhores do que o que está disponível no mercado hoje. Acredito que a adoção no Brasil virá rápido, mas em ondas. Em primeiro lugar, será usado como conexão P2P, onde não há demanda suficiente para justificar investimentos em fibra. À medida que os preços dos equipamentos caírem, veremos uma rápida adoção de segunda onda para comunicações multiponto.
Como os ISPs pensam em melhorar o NPS (net promoter score) com os clientes?
Quando se trata de fidelização de clientes, os ISPs brasileiros perceberam que precisam pensar além do FTTH e se tornar parte integrante do dia a dia dos clientes. As principais estratégias para isso são duas: Buscam melhorar a qualidade dos sinais Wi-Fi dentro da casa ou empresa dos clientes, bem como agregar novas funcionalidades ou serviços aos seus pacotes.
No que se refere a qualidade, os ISPs têm se concentrado em melhorar os serviços de suporte técnico. Nosso objetivo é fornecer um ótimo acesso à Internet, bem como sinal Wi-Fi completo em todos os cômodos da casa dos clientes. Os ISPs regionais brasileiros também têm uma reputação de ótimos serviços ao cliente, pois pretendemos tornar o contato com nossas empresas o mais fácil possível.
Mais recentemente, os ISPs estão dando mais atenção à adição de novos produtos e serviços aos seus pacotes: podemos fornecer mais do que acesso à Internet aos nossos clientes! Isso significa oferecer serviços de TV de IPTV, serviços móveis por meio de tecnologias MVNO, bem como plataformas VOD, incluindo produtos educacionais, filmes, músicas e outros. Portanto, nossos clientes vêm pelo acesso à Internet, mas permanecerão fiéis por causa de todos os recursos e serviços extras que fornecemos.
Quais são suas expectativas para o Wi-Fi World Congress no Rio de Janeiro em março?
Tenho grandes expectativas e estou ansioso para aprender sobre novas tecnologias e produtos Wi-Fi. Tenho muito interesse em participar de discussões sobre IoT, novos dispositivos e as melhores estratégias para melhorar a qualidade e a conectividade do Wi-Fi.
/Sidnei Batistella.